Neurodiversidade:
Por que não falamos
sobre essa pauta?

Por Fernanda Brabo

Quem possui familiares com o autismo já deve ter passado por situações constrangedoras e mal-entendidos em alguns momentos. Em muitos lugares, como aeroportos e bancos, inclusive, são assegurados tratamentos preferenciais, previstos por lei. 
Recentemente, o governo federal sancionou a Lei 14.624 que formaliza o uso de uma fita com desenhos de girassóis para identificação de pessoas com deficiências ocultas ou doenças raras, ou seja, que não podem ser percebidas imediatamente. 
Fazem parte desta lista: deficientes auditivos, autistas, asmáticos, pessoas com limitações intelectuais e deficiências cognitivas, entre outros que estão abarcados pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. O item é opcional e não substitui documentos que comprovem a deficiência.
Aprovação desta lei, foi considerada um pequeno avanço quando falamos em neurodiversidade.
Mas, o que significa isso?

 

O que é a neurodiversidade?

 

O termo é relativamente novo, surgiu em 1998, com a pesquisadora e socióloga Judy Singer, que o utilizou para explicar o funcionamento do cérebro, trazendo para o debate que não há maneira certa de aprender, pensar e se comportar. 
Ao descrever condições como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), Transtorno de Espectro Autista e dislexia, o intuito da socióloga era trazer uma conexão neurológica que promovesse aceitação, libertação de estigmas e mais conhecimento sobre lidar com neurodivergentes – que por muito tempo foram vistos como portadores de doenças e “inadequados” para a sociedade.
Apesar do aumento do interesse das organizações em diversidade, equidade e inclusão dentro do mercado de trabalho – fazendo parte, inclusive, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU –, este grupo ainda é bastante negligenciado em debates de      Diversidade e Inclusão (D&I) e, consequentemente, na promoção, retenção e contratação de talentos.

 

A neurodiversidade ainda é invisível 

 

De acordo com uma pesquisa da Deloitte, 10 a 20% da população é considerada neurodivergente. Embora este número seja importante, essa comunidade ainda se sente invisível.
A falta de conscientização de muitas organizações sobre o tema, é reflexo de falta de informações confiáveis e atualizadas sobre o tema, fazendo com que gestores e colegas de trabalho não compreendam os requisitos e necessidades desse grupo.
Um estudo realizado pela Hewlett Packard Enterprise e citado em um artigo da Harvard Business Review, mostrou que equipes com profissionais neurodivergentes podem ser 30% mais produtivas.
O campo deste estudo é amplo e tem sido debatido em várias esferas e movimentos. No LinkedIn, por exemplo, é bom acompanhar o trabalho da Christine da Silva-Schröeder, professora universitária e Doutora em Administração, autora do livro “A diversidade invisível: as pessoas AH/SD e a vida profissional”, de 2020. 
Este ano, ela criou o projeto #rhneurodivergente, que tem o objetivo de produzir conteúdo e divulgar perfis de profissionais e empreendimentos de pessoas neurodivergentes (autistas, TDAH, disléxicas, com altas habilidades/superdotação e etc).
Já para as empresas e profissionais neurodivergentes que buscam capacitações, mentorias e orientações para esta comunidade, a  Stardust Zone faz um trabalho bem interessante, gerando impacto social, promovendo inclusão e apoio focado nas áreas de STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática).
Fazer com que a cultura de trabalho seja inclusiva é trazer mais diversidade de pensamento, diferentes abordagens e processos na execução de projetos, com mais inovação e criatividade.      Imagine a importância disso para profissionais que trabalham com experiência ao usuário, por exemplo? É uma das formas de promover a acessibilidade digital.
Abraçar a diversidade é gerar novas oportunidades na forma que trabalhamos hoje, além de contribuir para um espaço mais seguro, inclusivo e empático para todos.
Vamos falar mais sobre esse tema?

Sobre a autoria
desse post

Fernanda Brabo é participante da comunidade Stardust, autora desse artigo e TDAH. Jornalista e produtora de conteúdo, trabalha com marketing digital e comunicação.

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